Carreiras Sem Fronteiras: Novas Persepectivas no Desenvolvimento Profissional

nov 5, 2022

Você já ouviu falar sobre carreira sem fronteiras? Robert Defillippi, Michael Arthur e Denise Rousseau que foram as pessoas pioneiras na criação e utilização deste termo.

Antes de dizer o que é a carreira sem fronteiras creio que seja importante olharmos para algumas definições de carreira e como elas estão estruturadas nas organizações.

A palavra carreira deriva do vocábulo latino “estrada” que indica o caminho pelo qual qualquer indivíduo ou coisas passam. Na atualidade, a definição de carreira pode ser vista de diversas formas:

  • Como uma progressão, por meio de promoções e outras movimentações (verticais ou laterais) na hierarquia organizacional
  • Como profissão, relativo às ocupações em que existe um “padrão” combinado com conhecimento específico de uma área (exemplo: professor, enfermeira, cozinheiro etc.)
  • Como diferentes ocupações assumidas por uma pessoa ao longo da sua vida
  • Como uma sequência de experiências relacionadas ao trabalho, na trajetória de empregos que teve e no histórico profissional de uma forma geral

Ouço muitas pessoas me perguntarem como funciona o “plano de carreira” nas empresas nos dias de hoje. A resposta não é simples, pois cada organização adota um modelo de gestão de carreira. Entretanto, algo que tenho percebido frequentemente é um movimento para que as próprias pessoas sejam as responsáveis por gerenciar e investir em suas carreiras. Este é um assunto que pode ser polêmico, principalmente quando analisamos a carreira com base nos vínculos da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho). Minha ideia é compartilhar uma tendência que já está ocorrendo nos mais variados ambientes organizações e de trabalho.

Um reflexo das mudanças organizacionais onde o havia o “emprego para toda vida” como consequência da lealdade foi alternado para “empregabilidade”, “trabalho de acordo com projetos” e “vínculos de trabalhos flexíveis”.

Outra modificação foi na forma como as empresas estão estruturadas. Muitas reduziram ou ajustaram níveis hierárquicos o que, em alguns casos, dificulta a criação de um planejamento de carreira mais definido.

Nesse cenário o papel das pessoas tende a ser direcionado para se responsabilizarem pelo planejamento de suas carreiras desenvolvendo competências e habilidades que serão importantes para sua atuação profissional.

É aqui que aparece a carreira sem fronteiras. A proposta da carreira sem fronteiras é trabalhar com zonas de competência integrando a perspectiva individual e organizacional para o desenvolvimento da carreira. Além disso, o conceito está ligado com a mobilidade profissional das pessoas entre organizações. É mais fácil identificar esse tipo de atuação em profissionais autonômos e prestadores de serviço que trabalham em/para diversas organizações. Porém, isso pode ser visto em outras áreas como professores universitários que trabalham em duas ou mais faculdades, médicos e até mesmo executivos.

Aqui surge uma reflexão interessante: como se pode criar engajamento dos colaboradores se pensarmos no formato do modelo de carreira sem fronteiras? Quando se fala em identificação e alinhamento de valores entre as pessoas e empresas percebe-se que as relações de trabalho

da carreira sem fronteiras são na maioria das vezes do tipo transacional – uma remuneração definida por um determinado trabalho realizado – ao invés do tipo relacional que estabelece uma relação sem prazo definido, que existe uma remuneração estabelecida dentre outros pontos.

Defillipi e Arthur indicam três grandes áreas de competências de carreira para que as pessoas possam melhorar o desempenho:

  • Know-why: Como identificamos nossa própria motivação, significado e relação com a carreira.
  • Know-how: Quais competências (conhecimentos, habilidades, metodologias, ferramentas, atitudes etc.) geram um melhor desempenho no que realizo.
  • Know-whom: De que forma estou construindo minha rede de relacionamento (networking) ao longo da carreira.

Estas três áreas de competências são reforçadas quando analisamos as mudanças que ocorrem no desenho das organizações (descentralização, estrutura, delegação etc.), no desenho dos empregos (diferentes formatos de vínculos de trabalho, multifuncionalidade, tecnologia e internacionalização etc.) e a motivação e atitudes dos empregados (busca por sentido e significado, poder aplicar suas competências nas tarefas que realizam). Considerando todos esses acontecimentos o modelo da carreira sem fronteiras direciona uma alta identidade com o trabalho, autonomia do trabalhador e mobilidade profissional.

Como eu posso me preparar para atuar em um contexto onde o modelo da carreira sem fronteiras ocorra com mais frequência?

Abaixo apresento um acrônimo (EPEM) que auxilia uma reflexão e planejamento de carreira:

E: Escolha – mais do que pensar em uma área de atuação ou profissão, analisar atividades que gosta de fazer e tem competência e facilidade.

P: Preparação – criar metas de carreira e desenhar estratégias para alcançá-las. Provavelmente nesta fase será necessário algum tipo de preparação como um curso de aperfeiçoamento, ajuda de um profissional de carreira, auxílio de um mentor etc.

E: Execução – implementar o plano definido e ajustar quando necessário.

M: Mensuração – se não acompanharmos o plano e não tivermos indicadores não saberemos como estamos indo. Para isso é importante avaliar os resultados que conquistamos.

Independente de estarmos em um contexto que é exigido uma carreira no formato tradicional ou mais próximo da carreira sem fronteiras fazer pausas estratégicas para pensar no nosso desenvolvimento profissional e pessoal sempre são válidas, principalmente observando quais são as tendências no mundo do trabalho.


Fabrício César Bastos
Eu ajudo líderes e colaboradores individuais a melhorarem sua performance profissional por meio de treinamentos nas áreas de liderança, gestão e estratégia.

fabricio@flowan.com.br